O Brasil é um grande produtor de frutas que abastecem não somente o mercado nacional, mas também o internacional. Isso faz com que os governos, principalmente os estaduais e o federal, mantenham um controle rígido com trânsito interno, importação e exportação de tudo, até por questões de exigência de países com acordos comerciais conosco.
Nosso alerta ligou quando em setembro de 2017 o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) publicou a Instrução Normativa nº 34 em que reconhece a presença de Sternochetus mangiferae no Brasil, especificamente em alguns municípios do Estado do Rio de Janeiro, que estabelece condições para o trânsito de frutos de manga produzidos a nível municipal e estadual.
Sternochetus mangiferae é um besouro, conhecido popularmente como gorgulho da mangueira, que mais parece um elefante com microtia. Calma, nem sei se ele tem tia, muito menos anã. Microtia é uma deformidade congênita em que a orelha nasce subdesenvolvida. Voltemos ao assunto.
Ele, o trombudo, é difícil de ser achado e seus sinais são percebidos depois do estrago, já que sua larva não é chegada à polpa da fruta, atacando assim a semente. Com isso, a investigação através dos fiscais das agências estaduais de defesa agropecuária fica dificultada, também por existir um distúrbio biológico bastante semelhante a seu ataque, o colapso interno.
O tamanho pequeno da praga ajuda em sua sutileza, uma vez que ele não barre (barrir é o nome do canto do elefante, ok?!… deu trabalho pra saber isso), sendo difícil para o agricultor saber se ele chegou ao seu pomar, e também por ser um pouco incomum o mesmo examinar os caroços das frutas, local onde se desenvolve a larva. Não há sinais visíveis externamente na fruta que denunciem o ataque.
O colapso interno tem um apodrecimento antecipado do fruto, porém sem a presença de furos e a dúvida se o gorgulho está ou não no seu pomar se tira com o corte da semente. O colapso nem sempre apresenta uma destruição do caroço, com a formação de um pó preto nele. Já a larva do narigudo, sempre consome a semente da manga e quando não achada na fruta no pé, deve-se ter o cuidado de examinar os caroços das caídas no chão, dica dos Auditores Fiscais Agropecuários do SISV/SFA do MAPA do Rio de Janeiro.
O monitoramento dos pomares, comerciais ou não, é muito importante, pois a curiosidade de uma moradora de uma área residencial do Rio de Janeiro, ao ver suas mangas com sintomas de ataque de alguma praga, a fez procurar a Embrapa local com alguns frutos de onde se retiraram os insetos e os levaram para análise, confirmando o que ninguém queria, a entrada da praga no país.
Fique alerta, a qualquer sinal estranho, procure imediatamente a ADAPI mais próxima com uma amostra (beeeeeeeeemmmmmm generosa….kkkk, brincadeira) para análise visual e possível envio a um laboratório especializado para identificação da praga e confirmação, ou não, se o “dumbo sem orelha” chegou e se arme o circo.
*Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.
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