Nos últimos dias comprar carne de boi está beirando o absurdo, custando os olhos da cara. Sabe por quê? A China abriu o olho!
O país asiático está enfrentando uma grave crise na criação de porcos, sua principal fonte de proteína animal, perdendo cerca de 40% de toda sua criação devido a uma doença: a peste suína africana. Trata-se de uma doença muito mais perigosa e mortal que a peste suína clássica que vem afetando o nordeste brasileiro e causando prejuízos para criadores e comerciantes, com a paralização das atividades de comércio e transporte do animal vivo e suas aglomerações em feiras e eventos agropecuários. O Piauí, por exemplo, vem enfrentando esta doença há 9 meses, só conseguindo controlá-la recentemente.
Então, devido à alta do dólar, ao mercado globalizado e ao livre trânsito internacional da carne brasileira para a China e outros países, muitos frigoríficos estão aproveitando para faturar mais, afinal quem não quer vender e receber o pagamento em dólar, não é verdade?
É importante lembrar um conceito básico de economia: baixa oferta + alta demanda = preço elevado. Mesmo o Brasil sendo o maior exportador de carne bovina do mundo, não dá conta de abastecer a China, com seus quase 1.4 bilhão de habitantes, mais o mercado nacional e os demais países que importam nossa carne.
Se ao menos pudéssemos comer tudo que é ching ling, a coisa equilibraria. Mas...
E qual a solução?
Muita gente está falando, e não teria como ser diferente, uma saída é mudar hábitos e substituir a carne bovina.
Durante as festas de fim de ano, por exemplo, é comum a preferência por aves, peixes e suínos. Apesar da oferta maior, muitas vezes não é suficiente e o tiro pode sair pela culatra, uma vez que a procura tende a ser maior ainda este ano.
Partimos para criações de ovinos e caprinos, muito saborosos e de preços atrativos, mas devemos diversificar ao máximo as nossas escolhas e travar um pouco o consumo de carne bovina, esperando promoções pelo final da validade das carnes.
A tendência de alta deve permanecer por um bom tempo, pois a doença na China ainda está dando prejuízos e não se sabe quando haverá seu controle definitivo, bem como o tempo que levará para todo o plantel voltar ao tamanho original e equilibrar o mercado.
Também não dá para taxar a exportação, o que causaria um caos econômico/político.
Se ao menos pudéssemos comer tudo que é ching ling, a coisa equilibraria. Mas...
Resta-nos abrir (mais) os olhos para as promoções!
*Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.
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