Quem acompanha BBB (Big Brother Brasil) se lembra da vencedora da 4ª edição, Cida. Ela, antes do programa, era babá, e se tem uma coisa que babá faz é colocar panela no fogo, pra fazer comida, esquentar água do banho, ferver mamadeira, chupeta...
Infelizmente, a Cida, que passou de desconhecida à famosa e rica, perdeu tudo, retornando às origens pré- BBB.
Na história da fiscalização agropecuária temos um exemplo parecido e quase homônimo, a Cydia pomonella, uma praga-chave nos plantios de maçã e pera no Brasil, que elevava o custo com agrotóxicos em US$ 400/hectare somente com seu controle (bem menos que um prêmio de BBB, mas que aumentava muito seu custo final) e travava as portas para exportações das frutas.
Assim como a Cida, a Cydia era campeã, mas em preocupações entre os produtores, pelo seu controle chato igual a Tina da panela (participante icônico do BBB2).
No BBB da defesa agropecuária podemos afirmar que existem 2 “panelinhas”, artifício comum nesse jogo aqui no Brasil. Temos a “panela” das pragas quarentenárias presentes (PQP), que tem essa abreviação característica da frase de preocupação dos produtores com seu prejuízo, ao classificarem as pragas de importância já disseminadas no Brasil, e a “panela “ das pragas quarentenárias ausentes (PQA), diferentes daqueles que não querem nada com o jogo, pois são as pragas que vivem fora do Brasil e que fazemos de tudo para não entrarem no nosso território (falo melhor disso em: https://www.segundoagro.com.br/post/praga-nossa-de-cada-dia).
Assim como o BBB tem provas, a defesa agropecuária monta as suas. No caso específico, foram basicamente a instalação de armadilhas do estilo “atrai-e-mata” (1991 a 1997), que por não ter patrocínios avantajados como no programa global, foi suspenso e trocado, em 2002, por um mais barato e pesado, a remoção de plantas hospedeiras, que seriam plantas hotéis onde elas “se escondiam” para atacar as macieiras, quase que confessionários.
Sem edições maquiavélicas ou big fone, o serviço de defesa agropecuária do Brasil, os “boninhos” desse BBB, trabalharam incansavelmente para retirada dessa praga dos pomares nacionais, cuja votação para sua saída era enorme. Pois bem, seu reinado, inaugurado aqui em 1991, se encerrou com o último exemplar sendo achado em armadilha no ano de 2011, mas oficialmente sua coroa foi confiscada em 2014, quando o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) assinou a Instrução Normativa nº 10, que declara o Brasil como país livre da praga.
Nós, seres humanos, lamentamos que a Cida do BBB tenha perdido seu prêmio e retornado às dificuldades comuns da maioria do provo brasileiro, mas trabalhamos e torcemos para que a Cydia pomonella nunca mais retorne e nos empenhamos para que outras tomem o mesmo destino, a erradicação, sendo retiradas da lista de pragas quarentenárias presentes, trazendo um PQP de felicidade e as enquadrando na lista de pragas quarentenárias ausentes.
Fonte:
* Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.
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