Na cultura milenar árabe, o harém é o conjunto de quartos onde ficavam suas “esposas”. O mais famoso foi o do Palácio Topkaki (entre os séculos 16 e 17), em Istambul, com mais de 1000 mulheres (fantasia de muito marmanjo ainda).
Quem trabalha com cana-de-açúcar não tem que ter esse desejo, obrigatoriamente! Mas não com a família, até porque a legislação brasileira proíbe a poligamia (casamento com mais de uma pessoa). Mas com seu canavial é obrigação “ter muitas ” variedades açucareiras, que trazem mais benefícios que as dores de cabeça que muitos, normalmente, têm com seus casamentos múltiplos.
Manter muitas variedades (tipos de cana-de-açúcar) no seu canavial requer uma engenharia e estudo muito similar ao que um Sultão tem com seu harém, com a diferença que cana gera renda e não brigam entre sí, na disputa de atenção ou noites de amor.
Todo o terreno deve ser bem estudado, classificando-se todos os topos de morros, encostas e várzeas (não para bater aquela bolinha, sem trocadilhos) na busca de plantar sempre a variedade mais adequada para cada situação, visando melhor produtividade e longevidade possíveis.
Na Arábia, tem-se um padrão de beleza muito restrito, sendo, creio eu, quase impossível ter loiras, ruivas e outros tipos na sua “coleção”. No mercado de cana temos muitos “pais” ( CTC, RB...) com distintas características (mais roxas, mais verdes, mais amarelas) que não devem ser critério de seleção do usineiro, mas sim seu teor de sacarose, fibras, rusticidade, brotação...).
Sempre equilibrando as características agroindústrias e a fitossanidade.
Fitossanidade é sempre primordial. Imagina como era difícil manter a saúde nesse palácio do sultão?! No canavial não é diferente, mas o número de variedades, resistentes aos mais diversos problemas , é mais que desejável para se evitar algum tipo praga (vírus, fungo, insetos...) que leve a uma perda quase que total do “harém vegetal”.
Na sua propriedade, seja sempre o sultão, abuse de sua fantasia e “cruze” informações sem moderação, procurando o melhor resultado e a fórmula ideal de quantas e quais variedades deva manter com o melhor custo benefício sem riscos de pagar pensão.
*Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.
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