Há algum tempo atrás, em muitos locais do interior, era muito comum se deparar com avoantes em passeios na zona rural. O desmatamento, o crescimento desordenado das cidades, a caça clandestina, fizeram com que esse encontro (esqueça Fátima Bernardes) tomasse ares de eclipse.
Porém, o meio rural está sendo repovoado novamente, mas com umas avoantes tecnológicas, chamadas drones, com uma vocação similar àquela de carne, osso e pena, contribuir com a alimentação humana. Calma, antes de sair por aí com uma espingarda, peteca ou baladeira à caça dos robozinhos para comê-los com farinha, não, não é esse o sentido que quis dizer.
Atualmente o VANT (veículo aéreo não tripulado – sigla brasileira dada aos “bichins”), está se tornando uma realidade no campo, em atividades de diversos ramos, como avaliação de imóveis rurais, aplicação de agrotóxicos e tratamento com inimigos naturais para combate de pragas em lavouras e na fiscalização agropecuária, com um custo mais baixo, maior eficiência e segurança para o usuário e na coleta de dados.
Então, o campo está sendo tomado por eles, colaborando no crescimento das lavouras, no seu maior rendimento e na redução do custo final, o que reflete em mais comida a um preço menor na sua mesa, com mais qualidade.
"Sua versatilidade é imensurável, não tem férias, CLT, nem sindicato, mesmo que dependa de um operador (ao menos até hoje)"
Estados como Bahia e Sergipe já contam com algumas “ribaçãs” dessas, auxiliando nas atividades de fiscalização agropecuária de suas agências, gerando maior segurança alimentar à população e identificando mais facilmente aqueles que tentam passar a perna nos fiscais em áreas muito grandes, difíceis de fiscalizar por inteiro, até de carro. Como exemplo, fica mais fácil identificar o uso irregular de agrotóxicos em culturas como a soja, geralmente plantadas em grandes extensões de terra, sendo vista de cima.
Sua versatilidade é imensurável, não tem férias, CLT, nem sindicato, mesmo que dependa de um operador (ao menos até hoje). Infelizmente a tecnologia tem fechado alguns postos de trabalho, mas, ao mesmo tempo, abre outros para quem está disposto a se modernizar, não condenando o trabalhador braçal a viver na marginalidade, mas a crescer no meio de trabalho.
A tecnologia está entrando cada dia com mais força no campo e, espero eu, o abandono do campo faça um giro de 180 graus, com os filhos dos trabalhadores cada dia mais apaixonados pelo lar, uma vez que os jovens são sugados pela tecnologia e se tornam doutores em “mexer” no celular, basta um empurrão para enxergar que suas habilidades podem transformar seu local de convívio, sem precisar tanto de arrastar cobras para os pés.
O acesso a essa tecnologia está cada dia mais fácil. Assim como aconteceu com o surgimento do telefone, com linhas caras, pessoas que viviam da renda de aluguel de suas linhas, do surgimento do celular e seus preços astronômicos, linhas que custavam um carro do ano e tal, os drones estão se popularizando e com isso seus preços estão caindo e seus programas cada vez mais amigáveis aos usuários.
Tomara que, assim como a vida imita a arte, os drones não imitem as avoantes e partam em debandada com seus grupos.
P.S.:* Até vaqueiro estão substituindo: http://globotv.globo.com/editora-globo/revista-globo-rural/v/peao-tecnologico/4128507/
* Sempre quis usar isso... Não, não abreviei meu nome, isso é uma sigla em latim para post scriptum, que significa escrito depois
*Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.
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