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Foto do escritorPaulo Roberto de Albuquerque Melo Segundo

Quem quer (perder) dinheiro?!


– Rá, rái…

– Ri, riiiiiiii!!!

– Quem quer dinheiroooooooo????!!!!


Essa risada clássica, do comunicador mais famoso e “experiente” do Brasil, muitas vezes acompanhada da frase icônica, acontece antes da decolagem de aviões feitos de notas de dinheiro lançadas à sua plateia.

Muitas vezes, o sobrevoo do “capital” trazia riscos a seus fãs, que “se viram” nos 30 (perdão Silvio) em busca de interromper o voo “valioso”.


Na agricultura, desde a década de 1950 até hoje, os agricultores “brincam” de Silvio Santos, porém com aviões mais valiosos, com cargas caras e que podem ocasionar acidentes mais graves a sua “plateia”. Mas toda a carestia dessa tecnologia nada divertida é executada com muita responsabilidade.


Os “Silvios Santos” do agro são obrigados por lei (Decreto nº 86.765 de 22/12/1981) a contratar seus “Roques” para coordenar (engenheiro agrônomo) e executar (técnico agrícola) as aplicações de defensivos, devidamente aprovados em curso específico.


Diferente das notas voadoras do homem do Baú, que voam aleatoriamente até cair em uma mão desesperada, os aviões agrícolas são desenhados especificamente para isso, sem gambiarras, assim como todo o equipamento e estrutura para uso. São estudados exaustivamente em busca tanto da descontaminação do tanque usado, no pátio envolvido na operação, e “bicos” de pulverização, sempre em busca da melhor solução em como aplicar o produto com a melhor deposição e tamanho de gotas, utilizando volumes de calda cada vez mais baixos e com melhor qualidade e precisão, chegando a gastar 10x menos água que qualquer outro tipo de aplicação terrestre.


Esses volumes de calda podem variar do Baixo Volume (BV), de 5 a 10 litros por hectare, ao Ultra Baixo Volume (UBV), para volumes abaixo de 5 L/ha. Como exemplo, o Round Up tem como dosagem mínima, de calda terrestre, 120L/ha.


O voo é altamente preciso e controlado, graças ao GPS (o agro é TEC) e a qualidade dos pilotos que temos, e não poderia ser diferente, afinal estamos falando de aplicação de produtos em locais abertos, não num estúdio com ambiente controlado.


Tudo envolve muita engenharia, responsabilidade, calma, resultados… Estamos falando de produtos caros, com preços de variam conforme o dólar e que não permitem aos agricultores esbanjar, “atirando” dinheiro ao vento.


Acidentes acontecem, mas diferentes das “vídeo cacetadas” que o ex-camelô proporciona em seu programa. São graves, mas praticamente tudo ocorre por uso indevido de equipamentos, falta de regulagem e, principalmente, irresponsabilidade e descumprimento de regras básicas, por isso não devemos nunca generalizar a atividade como altamente perigosa e até proibir (como aconteceu no Ceará). Toda atividade tem perigo e por isso é tão importante contratar pessoas qualificadas, que trabalhem dentro da lei e que a mesma seja cumprida através da fiscalização dos órgãos competentes, como Ministério da Agricultura, Meio Ambiente e Órgãos Estaduais de Fiscalização Agropecuária.


Os agricultores estão sempre em busca de tecnologias para combate as pragas e nutrição das plantas, respeitando sempre os padrões e dosagens, afinal, todos sonhamos em ser um Silvio, mas sem “esbanjar” tanto dinheiro e sendo o mais “Santo” possível.

Fontes:


Instagram: @sindagbr

Compêndio de aviação agrícola, 2ª edição – 2007, Gráfica e Editora Cidade. Autor: Marcos Vilela de M. Monteiro.


* Paulo Melo Segundo é engenheiro agrônomo pela UFRPE, Fiscal Estadual Agropecuário na Adapi e escritor agrodivertido, criando assim o Segundo Agro, um portal de informação simples, direta e humorada.

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